Fúria cósmica que vem das raízes. Espasmos de
terror e de suor viscoso dentro de tudo que nasci
e morro a cada hora. Em cada gesto. Em cada grito.
Ondulantes vibrações escorrem-me dos braços, depois
de tantas noites de angústia cantada. No meio dos
pássaros e das cobras. E da areia movediça convi-
dando a cada esquina.
Tantas dores infundadas e vivas. Tantas garras de
lâminas. Tantas palavras choradas e ridas sem
repouso. Fúria de loucura nestes restos mortais
de um cadáver vivente que agoniza, sugando
a imanente felicidade da Terra. Coloridas taças
de veneno libertador. À espera de uma fonte
de água gelada escorrida das montanhas silen-
ciosas do desejo de alegria e paz. Como aguentar
este cavalo louco!